Coronel denuncia “desmoronamento” da PM e critica omissão do alto comando

Coronel Walterler sobre ida do Hospital da PM para o SUS: “O que estava ruim ficou pior” / Reprodução / Facebook

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Em 28/11/2019 às 16h14 em Geral
O coronel PM José Walterler dos Santos Silva, da reserva remunerada da Corporação, publicou texto que está circulando em grupos de WhatsApp, onde critica o que chama de “desmoronamento da nossa gloriosa PMRN”.

O oficial, que é advogado, escritor e mantém uma academia na Praia do Meio, em Natal, que oferece, entre outros, cursos nas áreas militar e jurídica, denuncia falhas estruturais em prédios, cita o que chama de ciclo desproporcional de oficiais e de praças, critica o fato de o Hospital Coronel Pedro Germano (Hospital da PM) ter passado recentemente para o SUS e diz:

O que me revolta não é o avanço da mediocridade político-partidária corroendo e fragilizando a história da nossa Polícia Militar, mas sim, a omissão pusilânime e o puxasaquismo daqueles que compõem o ‘alto comando’ da Corporação, que só focam seus esforços no atendimento de seus interesses pessoais”.

Walterler questiona, também, o fato de associações que representam oficiais e praças estarem “caladas”. Abaixo, a íntegra do texto assinado pelo coronel Walterler, exatamente da forma que foi publicado:

Caríssimos confrades, daqui da praia do meio acompanho, incrédulo e revoltado, o paulatino, gradativo e progressivo desmoronamento da nossa gloriosa PMRN. No campo de RH, temos o ciclo de oficiais e de praças totalmente desproporcional, em face da demanda de serviços. No quesito instalações físicas, não se consegue encontrar termos para definir a imensidão do descaso e da desvalorização, dispensados às sedes das nossas OPM-OBM, a começar pelo QCG, aonde toda a ala aonde outrora funcionava a Banda de Música, e o extinto COPOM, se encontram “desenganadas” estruturalmente; o setor aonde o então CMT G, Cel Josemar, montou um invejável, moderno e eficaz Centro de Manutenção de Viaturas, hoje não passa de ruínas, carimbando, com chave de ouro, a reinante INCOMPETÊNCIA dos gestores atuais e antecedentes mais recentes. 

A sede do 1 BPM, 4 BPM e do complexo do BOPE, na Zona Norte, representam tudo que se alia a DESMOTIVAÇÃO. A outrora menina dos olhos da corporação e hoje maltrapilha APM CEL MILTON FREIRE enche de vergonha e de revolta aqueles que, cono eu, ajudaram a construir parte de sua mística história, hoje não tendo condições, sequer, de ser comparada à Casa de Ensino castrense deste velho Lobo do Mar, quer no aspecto estrutural ou no QUALITATIVO em termos de corpo docente. Retornando aos RRHH, inadmissível a quase total INEXISTÊNCIA de Oficiais subalternos bem como, a insuficiência da base (soldados) para atendimento, de forma satisfatória, da demanda. 

A desmotivação amplia-se diante do comando paralelo tanto em relação a PM como o BM, por parte da pasta de segurança pública, que conduz da forma como QUER E ENTENDE, as duas corporações. Agora, para terminar de fragilizar o já quadro caótico por nós enfrentados, viu-se a entrega de mãos beijadas – como se diz lá em nóis – na sua literalidade, do que ainda restava do outrora mais conceituado hospital público do Estado, o glorioso HPM CEL PEDRO GERMANO DA COSTA que passa a integrar a estrutura do SUS. O que já estava RUIM agora ficou PIOR. 

O mais revoltante, para mim, é ver o puxasaquismo institucionalizado, concedendo_se medalhas a pessoas que não têm qualquer serviço prestado a nossa história, pois, passar o nosso serviço de saúde para dependência total do SUS, no meu ver, NÃO CONSTITUI QUALQUER MÉRITO. Diante desse afrontoso desrespeito a nossa história, sinceramente, não vejo nenhuma justificativa plausível para a existência desse Quadro de Oficiais de Saúde, pois, se até então pouco faziam em prol da Tropa, imagina agora. Seria muito mais importante que o Estado acabasse com esse INEFICIENTE E DISPENDIOSO QUADRO DE OFICIAIS DE SAÚDE e formalizasse um convênio com a UNIMED, AMIL, etc, para atendimento da Tropa, no campo da saúde. 

Outro ponto revoltante, é a omissão do governo em promover a ascensão hierárquica necessária para preencher os mais de CEM claros de 2º tenente, vez que temos um seleto número de subtenentes e sargentos detentores da mais singular capacidade para integrarem o ciclo de oficiais subalternos do QOA. 

Martin Luther King dizia, com clareza meridiana: “O que me preocupa não é o grito dos maus, mas o silêncio dos bons”. Valho-me dessa lição para construir pensamento similar: O QUE ME REVOLTA NÃO É O AVANÇO DA MEDIOCRIDADE POLÍTICO-PARTIDÁRIA CORROENDO E FRAGILIZANDO A  HISTÓRIA DA NOSSA POLÍCIA MILITAR, MAS SIM, A OMISSÃO PUSILÂNIME E O PUXASAQUISMO DAQUELES QUE COMPÕEM O “alto comando” DA CORPORAÇÃO, QUE SÓ FOCAM SEUS ESFORÇOS NO ATENDIMENTO DE SEUS INTERESSES PESSOAIS”, com raríssimas e respeitáveis exceções. Aonde estão as até então ferrenhas defensoras dos interesses institucionais, representadas pelas hoje CALADAS associações de Praças e de  Oficiais? Finalizando – Minha nota ZERO para essa infeliz iniciativa de SUS- institucionalizar nosso já combalido serviço de saúde. José WALTERLER. Cel PM R1. Um cuiteense feliz. (E mau pago).”

Por João Ricardo Correia via CRN

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