Viagem ao passado; infância nas ruas e casas da periferia de Caicó

Épico: Dinheiro de fantasia dos meninos da "Década de 80"

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Por Caicó na Rota da Noticia

Psicólogos afirmam que uma infância feliz aumenta as chances de produzir um adulto equilibrado. As brincadeiras de criança são fundamentais para que ela aprenda a lidar mentalmente e de forma prática (através da imitação) com as profissões ou mesmo com possiveis problemas que serão enfrentados quando estiverem em sua vida adulta.

Na Década de 80 as ‘notas’ eram nosso dinheiro de mentira. Carteiras vazias de maços de cigarro, como das marcas ‘Hollywood, Plaza, Belmont, Vila Rica, Charmm, Continental, Califórnia, Mistura Fina, Arizona, LS, Advance, Marlboro, Chanceller, Camell, Charm, etc’, eram dobradas e usadas entre a gente como se fossem notas de ‘cruzeiros’ que era o dinheiro verdadeiro da época“, disse um caicoense criado na zona Leste da cidade.

A mulecada da periferia conseguiam exercer a criatividade e trocar as ‘notas’ em outros brinquedos industrializados como ‘pinhão‘ ou feitos por eles próprios, como ‘pipas‘, ‘carrinhos‘ feitos de rolo de água sanitário ou lata de leite Ninho com areia dentro e amarrados com arame e cordão, ‘breques‘, ‘carros‘ feitos de lata de óleo (famosas baratinhas) ou de frande com madeira e de pneus feitos com chinelas velhas.

Além do escambo (troca entre brinquedos), quando não tinha dever de casa ou prova, passávamos a folga da escola, ou final de semana todo, brincando de apostar as notas em ‘jogo de bila’ (o tapa e o palmo), nos ‘dados’, ‘dominó’, ‘damas’ e ‘soltar as notas na parede’ – a que caísse em cima de outra o jogador que a soltou ganhava – tinha vez que caia quase 50 delas ou mais daí o ganhador fazia a festa… kkkkkkkk“, disse ele.

Quem tinham muita nota era como se fosse o rico do pedaço. Elas chegavam a ser organizadas separadas pelas marcas de cigarro em pacotes de 10 e guardadas em pequenas caixas de papelão ou dentro da gaveta do guarda-roupas. As mais difíceis de ser encontradas, e por sua vez mais raras, eram mais valiosas.

Quem não as tinham, ou havia perdido as notas nas apostas, conseguia os maços de carteiras de cigarro secas em bares, em pequenos lixões que ficavam nos terrenos baldios, ou ainda, em festas como as que ocorriam na antiga Escola Estadual Santo Estêvão Diácono – EESED – ou as que ainda são realizadas na AABB.

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